terça-feira, 9 de outubro de 2018

Morte

Lá por 1992 eu com seis anos de idade, antes de dormir, do lado do meu pai, perguntei se eu poderia chorar. Ele disse que sim, que eu podia chorar quando eu quisesse. Eu comecei a chorar muito e ele se assustou, perguntou por que eu estava chorando. Aí eu disse que era porque um dia ele iria morrer. Ele me tranquilizou, disse que aquilo seria dali a muito tempo, que quando ele fosse eu teria minha mulher e meus filhos, que eu não iria ficar sozinho. 26 anos depois um câncer veio e a hora chegou,  passados os 10 primeiros minutos do dia 9 de outubro de 2018.

Ele mentiu pra mim, não levou tanto tempo assim pra isso acontecer. Mas tudo bem, eu menti pra ele também. No hospital, ele estava entubado e acordou brevemente. Eu disse pra ele ficar calmo, descansar bastante e ficar pra tomar remédio, que logo eu levaria ele de volta pra casa; mas o médico já tinha me dito que era câncer terminal, que não tinha remédio, nem cirurgia. E eu nunca mais traria ele de volta pra casa.